Prevenção de Doenças Urbanas

Compreensão, gerenciamento e predição da saúde urbana

A transformação das cidades em áreas mais sustentáveis e saudáveis, capazes de sustentar o bem-estar humano em geral, é sem dúvida um dos nossos desafios mais prementes, e certamente um desafio para as cidades paulistas. Os centros urbanos apresentam riscos à saúde humana, incluindo aqueles associados à poluição atmosférica, hídrica, sonora e visual, efeitos da ilha de calor urbana e episódios de enchentes e deslizamentos de terra. A ausência de contato com a natureza também pode gerar estresse e acentuar transtornos mentais nos habitantes das cidades, como depressão e ansiedade. Esse conjunto de estressores eleva as taxas de morbidade e mortalidade por doenças cardiovasculares, doenças respiratórias, diabetes e transtornos mentais. Esses impactos negativos podem ser ainda agravados pelas mudanças climáticas, incluindo o aumento da intensidade e frequência de eventos climáticos extremos, como ondas de calor, secas e chuvas intensas que levam a inundações e deslizamentos de terra.

No entanto, as amenidades urbanas e os espaços verdes e azuis podem fornecer e apoiar muitos serviços ecossistêmicos, que podem contribuir para transformar as cidades em lugares mais saudáveis para as pessoas. Essas áreas proporcionam regulação climática, regulação de inundações e deslizamentos de terra, melhoria da qualidade do ar, redução da poluição visual e sonora, oferta de espaços para atividades recreativas e esportivas e amenidades estéticas que aumentam o contato com a natureza e promovem o bem-estar humano.

O objetivo deste desafio é explorar, de forma espacialmente explícita, os efeitos dos espaços verdes e azuis no bem-estar humano, promovendo intervenções baseadas na natureza que possam ajudar a controlar e prevenir doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs, que incluem hipertensão, diabetes e doenças respiratórias crônicas) e transtornos mentais comuns (como crises de ansiedade e depressão) e melhorar a capacidade adaptativa em áreas urbanas.

Principais atividades

Síntese do conhecimento atual sobre soluções baseadas na natureza (SBN) e saúde humana em áreas urbanas.Isso compreenderá análises críticas de sínteses existentes juntamente com revisões sistemáticas específicas da literatura para avaliar a eficácia das SBN em nível internacional para informar sua adaptação ou aplicação à realidade de São Paulo ou outras cidades brasileiras.

Análises contrafactuais de iniciativas em São Paulo para implementação da SBNCom base nas iniciativas de SBN implementadas no estado de São Paulo, os impactos dessas iniciativas na saúde da população do entorno serão analisados, considerando as condições antes e depois da implantação da SBN, e comparando a população potencialmente afetada com uma população controle, seguindo procedimentos de análise contrafactual típicos da econometria.

Desenvolvimento de modelos espacialmente explícitos que relacionem a estrutura das áreas urbanas, seus serviços ecossistêmicos e a saúde humanaBancos de dados de saúde serão integrados com informações geoespaciais relacionadas à disponibilidade de áreas verdes. Os modelos a serem desenvolvidos considerarão o arranjo espacial dos espaços construídos e dos espaços verdes, a localização das áreas de oferta e demanda de serviços ecossistêmicos e os fluxos (de pessoas, água, matéria, dependendo do serviço) que conectam espacialmente essas áreas, seguindo procedimentos e modelos desenvolvidos recentemente. Oportunidades derivadas de situações de pseudo-experimentos também serão exploradas.

Desenvolvimento de modelos preditivos de ocorrência de DCNT e transtornos psicológicos para diferentes cidades do estado de São Paulocom foco especial nas regiões metropolitanas, com base nas inferências e relação causal estabelecida pelo modelo a ser desenvolvido no item 3. Esses modelos permitirão o mapeamento das áreas de maior risco, que também são as áreas prioritárias para implantação de SBN. Os resultados dos itens 1 e 2 informarão o desenvolvimento das soluções mais adequadas para cada caso, possibilitando tanto o mapeamento dos problemas quanto das soluções correspondentes (mapa de ações prioritárias).

Desenvolvimento de modelos de vulnerabilidade climática e indicadores de adaptação às mudanças climáticasconsiderando aspectos ambientais e sociais, o tipo de construção e o potencial de bem-estar (conforto térmico) a ser estimado nas edificações. Para tanto, serão desenvolvidos modelos microclimáticos de alta resolução espacial (50 m) com informações de temperatura, umidade e vento, além de indicadores de adaptação ao clima.

Desenvolvimento de modelos preditivos para cenários futuros envolvendo mudanças climáticas e intervenções urbanas (por exemplo, aumento da arborização, criação de novos espaços verdes, etc.) e a viabilidade de tais intervenções. Isso permitirá a identificação de áreas prioritárias para novos projetos de arborização ou expansão de espaços verdes, e a criação de futuros cenários de cidades resilientes com níveis reduzidos de estresse térmico e, portanto, mais saudáveis para seus habitantes.

Equipe do Desafio

pt_BRPT