Doenças Zoonóticas

Criação de modelos conceituais e desenvolvimento de modelos preditivos de risco para doenças zoonóticas

As doenças zoonóticas representam 75% das doenças infecciosas emergentes no mundo (Taylor et al. 2001), sendo causadas por agentes transmitidos dos animais para os seres humanos (Jones et al. 2013) e constituindo uma preocupação constante de saúde pública. Estudos sugerem que quanto maior a biodiversidade de um local, maior a riqueza de patógenos, e consequentemente, maior o número de surtos de doenças zoonóticas (Allen et al. 2017). No entanto, certos fatores podem alterar o risco de transmissão dessas doenças, aumentando a abundância de hospedeiros e reservatórios, como a conversão de habitats naturais para usos agrícolas, a urbanização, o clima (Prist et al. 2016, Walsh 2015), e a introdução de espécies invasoras, como os javalis. Esta espécie, juntamente com a superabundância de capivaras, pode aumentar o risco de transmissão da febre maculosa, atuando como facilitadores deste patógeno (Kmetiuk 2019), e possivelmente de outros também.

A fim de poder prever a ocorrência de novos surtos e orientar corretamente a alocação de campanhas de vacinação e medidas preventivas, este objetivo visa a criação de modelos conceituais, que visam compreender o papel das espécies exóticas e quais mecanismos ambientais levam à ocorrência e propagação destas doenças, tanto em paisagens rurais quanto urbanas, e o desenvolvimento de modelos de risco preditivo em cenários de uso da terra e mudança climática. O resultado destes modelos subsidiará políticas públicas para prevenir e controlar estas doenças zoonóticas, sempre considerando o conceito de saúde única, onde a saúde humana, animal e ambiental estão relacionadas (Webster et al. 2016).

Principais Atividades deste Desafio

Revisão da literatura sobre os principais fatores ambientais, incluindo espécies invasoras amplificadoras, que levam a um aumento da população de vetores e hospedeiros de doenças zoonóticas e, consequentemente, aumentam o risco de transmissão para humanos. Esta revisão será realizada sistematicamente a partir da literatura disponível e gerará um modelo conceitual, que fornecerá a base teórica para o desenvolvimento de modelos de risco preditivos e gerará conhecimento sobre quais fatores ambientais afetam o risco de transmissão destes patógenos.

Integração e padronização das diferentes bases de dados existentes nas diferentes instituições. Faremos uma pesquisa das bases de dados existentes sobre vetores, hospedeiros e patógenos, nas diferentes instituições ligadas à saúde pública, visando a criação de uma base de dados unificada.

Implementação de modelos preditivos precisos de risco de transmissão. Os dados de ocorrência e abundância de vetores, hospedeiros, e espécies invasoras amplificadoras e patógenos, obtidos das diferentes bases de dados existentes (Tarefa 2), serão associados às variáveis ambientais listadas nos modelos conceituais (Tarefa 1) para gerar modelos preditivos de risco de transmissão.

Avaliar os impactos dos cenários de mudança climática sobre o risco de transmissão de doenças zoonóticas. Avaliaremos os impactos dos cenários de alta emissão (RCP8.5) e de emissão intermediária (RCP4.5), para os anos 2050 e 2100, sobre o risco de transmissão de doenças zoonóticas. Estes modelos permitirão identificar o aumento do risco de transmissão destes patógenos frente a às mudanças climáticas e identificarão quais locais do estado de São Paulo serão mais afetados. Estes resultados poderão gerar políticas para ações preventivas em cenários futuros, que poderão prevenir futuros surtos dessas doenças.

Equipe do Desafio

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