Restauração de paisagens florestais e economia de base florestal

Integrando restauração, conservação e expertise florestal em paisagens degradadas

A restauração de ecossistemas nativos é um grande desafio ̶ e uma demanda premente ̶ no estado de São Paulo, onde uma grande população depende de serviços ecossistêmicos fornecidos por ecossistemas fragmentados e historicamente degradados. Apesar de São Paulo concentrar um dos maiores déficits de vegetação nativa do Brasil, possui também as maiores áreas contínuas de Mata Atlântica e algumas das maiores áreas de plantios de eucalipto, pinus e seringueira, além de condições adequadas para a expansão da produção de outras espécies arbóreas comerciais. É então necessário conectar esses dois extremos por meio da restauração da paisagem florestal.

Integrar restauração, conservação e silvicultura em paisagens degradadas e desmatadas pode ajudar os agricultores a cumprir a legislação e, ao mesmo tempo, obter vantagens de mercado associadas à certificação, acordos setoriais com demandas ambientais e melhor acesso a serviços financeiros rurais, além de melhorar a prestação de serviços ecossistêmicos críticos para a produção agrícola, o bem-estar humano e para conservar a rica e altamente ameaçada biodiversidade do estado.

O reflorestamento com espécies comerciais também pode constituir uma nova atividade econômica, constituindo um uso atrativo do solo para as vastas áreas marginais à agricultura tecnificada. Tais áreas foram abandonadas ou mantidas com a pecuária extensiva após a rápida expansão da cana-de-açúcar no estado.

O objetivo deste desafio é sintetizar o conhecimento existente e compilar a informação disponível associada às demandas, oportunidades, monitoramento e lições aprendidas de restauração de paisagem florestal e silvicultura comercial, a fim de criar − através de um processo de coprodução que integre diferentes grupos interessados − um sistema público e interativo de apoio à decisão.

Photo credit: LERF/LCB/ESALQ/USP

Photo credit: LERF/LCB/ESALQ/USP

Principais Atividades deste Desafio

Revisão de literatura sobre a multifuncionalidade de diferentes tipos de uso da terra. (ex. florestas secundárias, plantios de restauração, sistemas produtivos mistos e homogêneos) e em funções associadas à água, solo, carbono e biodiversidade. Criaremos a base de conhecimento para o planejamento e uso de reflorestamentos para alcançar os diferentes resultados esperados.

Revisão da literatura sobre os fatores que impactam as demandas pela restauração, geração de produtos florestais e as oportunidades para o desenvolvimento dessas atividades. Abordaremos estudos de caso no Estado de São Paulo identificando os drivers da restauração.

Compilar as informações disponíveis (bancos de dados, mapas, sistemas) sobre os fatores levantados na revisão da literatura. Essa compilação irá avaliar: Demandas – expressar áreas com uma ou mais demandas de restauração e/ou produção florestal para obtenção de um ou mais benefícios para a natureza e o bem-estar humano; Oportunidades – expressar áreas com condições favoráveis para o desenvolvimento de programas e projetos de restauração da paisagem florestal; Monitoramento – expressar sistemas que podem ser usados para monitorar o progresso da restauração da paisagem florestal. Ele gerará uma compilação abrangente das informações espaciais mais relevantes para o planejamento, implementação e monitoramento da restauração da paisagem florestal no território paulista.

Compilação dos instrumentos legais e programas para a restauração de ecossistemas nativos e produção florestal: Construiremos uma base de dados com as informações mais relevantes para o planejamento e implementação da restauração de paisagens florestais e economia de base florestal (ex. Resolução estaudal SIMA 17/2020 sobre corredores ecológicos).

Harmonizar a estrutura dos bancos de dados espaciais apresentados acima. (por exemplo, escala de tempo e espaço, escopo) e resultados sobre a multifuncionalidade de diferentes usos da terra e tipos de florestas, a fim de permitir o desenvolvimento de um sistema de análise que permita combinar essas bases para obter produtos de impacto para tomando uma decisão;

Aprimoramento e integração de bases de dados geoespaciais sobre a Flora Paulista nos sistemas estaduais de gestão ambiental: Melhoraremos a escolha de espécies de plantas a serem usadas em projetos de restauração de paisagens florestais e projetos florestais comerciais, para promover o uso de espécies nativas locais e restringir o uso de espécies exóticas invasoras.

Integrar cenários de mudanças climáticas no sistema de análise: Integraremos cenários de mudanças climáticas ao sistema de análise desenvolvido na meta 5, a fim de avaliar como as mudanças climáticas afetarão a restauração (por exemplo, áreas mais vulneráveis à seca e, consequentemente, com maiores riscos de falhas no plantio e incêndios, prevenção de desastres naturais, estocagem de carbono), produção florestal (por exemplo, espécies potenciais, base genética, incêndios) e a prestação de diferentes serviços ecossistêmicos (mitigação das mudanças climáticas, provisão de água, polinização, proteção do solo). Geraremos uma base de dados harmonizada e um protocolo de trabalho que permita a simulação dos impactos das mudanças climáticas na restauração de paisagens florestais.

Criar, de maneira participativa, um sistema público e interativo de suporte à tomada de decisões e testá-lo com usuários potenciais: Integraremos todas as metas descritas acima para criar um software robusto e fácil de usar para orientar a tomada de decisões na restauração de paisagens florestais, com potencial para criar uma tendência disruptiva na promoção da restauração e de uma economia de base florestal no Estado. Essa ferramenta deverá ser adaptável a diferentes contextos, servindo de base para a apresentação de diretrizes e propostas para serem incluídas em planejamentos locais (e.g. Planos Diretores) e regionais (e.g. Planos Metropolitanos, GERCO, Mananciais e APAs). Adicionalmente, deverá ter foco na relação custo-benefício das atividades de restauração e produção florestal, auxiliando tanto a maximizar as oportunidades associadas a essas atividades como também a informar a sociedade os potenciais benefícios a serem obtidos.

Equipe do Desafio

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