O Biota Síntese, que busca soluções baseadas na natureza para fomentar políticas públicas intersetoriais do Estado de São Paulo, foi objeto de estudo em dois eventos científicos na Universidade de Montpellier, na França. Ambos tinham como objetivo encontrar soluções para um dos principais desafios para a ciência no mundo: a aplicabilidade da produção científica nas políticas públicas.
De 11 a 20 de março, o projeto foi apresentado para pesquisadores de diferentes países como um estudo de caso, em uma oficina e um seminário internacional, para exemplificar e aprofundar como a ciência pode atuar colaborativamente no aperfeiçoamento e na efetividade de políticas públicas. Pioneiro no Brasil a desenvolver ciência de síntese, o Biota Síntese tem coordenação compartilhada entre um pesquisador, Jean Paul Metzger, do Instituto de Biociências e IEA da USP, e um gestor público, Rafael Chaves, da Secretaria do Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), ambos presentes no encontro.
Neste período, integrantes da equipe do Biota Síntese também foram capacitados na metodologia ImpresS “Impact Pathways in Development Oriented Research”, que visa a fornecer ferramentas para que pesquisas aplicadas sejam bem sucedidas em provocar mudanças positivas nas políticas públicas e na sociedade. Esta formação é oferecida pelo CIRAD, agência de pesquisa e cooperação internacional da França voltada para pesquisas agronômicas e de meio ambiente, no âmbito da abordagem “Impact Research in The South”.
Convidado para apresentar o trabalho do projeto, o ecólogo Rafael Chaves abordou no seminário e na oficina a importância da coprodução entre ciência e política, gargalos e resultados já visíveis. “Estamos demonstrando como a tomada de decisões fundamentadas em pesquisas que reúnem acadêmicos e gestores públicos em todo o processo fortalece a legitimidade da política pública e simultaneamente agiliza o caminho de implementação, aumentando a eficiência do estado para preservar o ambiente, mitigar os impactos da mudança climática e beneficiar a saúde da população. Pela efetividade, esse tipo de abordagem tem interessado os grandes painéis como IPCC e IPBES, em escala internacional, e na escala do estado de São Paulo apoia ferramentas para o alcance da meta de restaurar 1,5 milhão de hectares de áreas degradadas até 2050”, explica.
Também participaram do seminário internacional dois outros membros do Comitê do Biota Síntese na Semil, Cristina Azevedo (Coordenadoria de Planejamento Ambiental – CPLA) e Rodrigo Victor (Fundação Florestal).
Projeto Biota Síntese – O projeto integra o programa Ciência para o Desenvolvimento da Fapesp, como um dos Núcleos de Pesquisa Orientada a Problemas em São Paulo (NPOP-SP). Tem apoio das Secretarias de Meio Ambiente, Infraestrutura de Logística (Semil), Saúde e Agricultura e Abastecimento (SAA) e está sediado no Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP. Também fazem parte sete instituições de pesquisa do Estado, além de quatro Organizações Não Governamentais.
As ações têm por foco estruturar tecnicamente possíveis medidas, diretrizes e estratégias, por exemplo, para apoiar a implementação do Plano de Ação Climática (PAC-2050), que objetiva neutralizar as emissões de gases de efeito estufa até 2050 e promover a adaptação e resiliência dos municípios paulistas para as mudanças climáticas, dentro dos programas da ONU Race to Zero e Race to Resilience, aos quais o Governo de SP aderiu.